por Victor Lambertucci
E se a gente nascesse com um
manual de sobrevivência? Que previsse todos os nossos movimentos, um roteiro,
talvez; a receita de uma vida sagaz, porém fugaz. Seriamos robôs se assim
fosse. Construídos para vencer o fogo, apesar de algumas gotas d’água
serem suficientes para causar um curto circuito. Teríamos sentimentos?
O ser humano e toda sua
complexidade e relutância procura sim a perfeição. Quer dominar o tempo e de
resto não seria ruim ter o mundo nas mãos. Nem se quer é preciso ir tão longe, vislumbrar as guerras imperialistas que prosseguem sem cessar, mesmo que os
canhões e caças estejam por ora à paisana. Mas o cerne desta questão está no
interior de cada indivíduo.
Na busca pela perfeição,
olvida-se do fato incontornável de que não somos e nunca seremos os tais seres
irrepreensíveis. Seria então motivo de levantar a bandeira branca, render-se ao
infortúnio ou carma de sermos todos uma balda na mesa de carteado. Não, não é
bem por aí, não é simples assim, e como poderia?
Sonhamos. Desejamos, ansiando
pela conquista. Que se não existisse o medo, os defeitos e imperfeições, os
desafios e impossibilidades, qual seria a graça da vida, pergunta-se. Dir-se-ia, entretanto, que às
vezes ela poderia ser menos tomada pela graça e talvez mais singela. Coragem,
coragem... Coragem! Não existe o tal manual de sobrevivência e vou lhes contar
um segredo: nem nunca existirá. Se minutos se tornam horas e daí passam-se
dias e anos, a vida – ironicamente fácil de ser escrita ou pronunciada – tem
alicerce nas atitudes e ações que escolhemos, praticamos e compartilhamos. E o
que seria da vida se houvesse um manual de instruções?


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