sexta-feira, 8 de março de 2013

Manual de Instruções (Crônica)


por Victor Lambertucci
    E se a gente nascesse com um manual de sobrevivência? Que previsse todos os nossos movimentos, um roteiro, talvez; a receita de uma vida sagaz, porém fugaz. Seriamos robôs se assim fosse. Construídos para vencer o fogo, apesar de algumas gotas d’água serem suficientes para causar um curto circuito. Teríamos sentimentos?

   O ser humano e toda sua complexidade e relutância procura sim a perfeição. Quer dominar o tempo e de resto não seria ruim ter o mundo nas mãos. Nem se quer é preciso ir tão longe, vislumbrar as guerras imperialistas que prosseguem sem cessar, mesmo que os canhões e caças estejam por ora à paisana. Mas o cerne desta questão está no interior de cada indivíduo.

   Na busca pela perfeição, olvida-se do fato incontornável de que não somos e nunca seremos os tais seres irrepreensíveis. Seria então motivo de levantar a bandeira branca, render-se ao infortúnio ou carma de sermos todos uma balda na mesa de carteado. Não, não é bem por aí, não é simples assim, e como poderia?

    Sonhamos. Desejamos, ansiando pela conquista. Que se não existisse o medo, os defeitos e imperfeições, os desafios e impossibilidades, qual seria a graça da vida, pergunta-se. Dir-se-ia, entretanto, que às vezes ela poderia ser menos tomada pela graça e talvez mais singela. Coragem, coragem... Coragem! Não existe o tal manual de sobrevivência e vou lhes contar um segredo: nem nunca existirá. Se minutos se tornam horas e daí passam-se dias e anos, a vida – ironicamente fácil de ser escrita ou pronunciada – tem alicerce nas atitudes e ações que escolhemos, praticamos e compartilhamos. E o que seria da vida se houvesse um manual de instruções?


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